quarta-feira, 29 de julho de 2015

As mãos que nos amparam



A utilidade das mãos se estende sem que tenhamos a ideia exata dos benefícios que nos prestam durante toda a vida.

Elas amparam o recém-nascido e as mães as usam para direcionar o bebê junto ao seio, logo ao nascer.

Mãos acariciam os amantes no leito. Mãos alcançam o remédio do idoso, banham os doentes, acompanham os cegos ao atravessar a rua.

As mãos do maestro cantam a vida enquanto regem a orquestra. E instrumentistas e coralistas usam as mãos para ajeitar a partitura.

Há mãos que pintam quadros, que fazem escultura, xilogravura.

Há mãos que correm em cena aberta, nos teatros. E representam cenas de autores famosos e recebem as palmas de outras mãos das plateias atentas, onde o silêncio é absoluto.

As mãos das bailarinas dançam tanto quanto os seus pés, em movimentos suaves e de uma beleza plástica incontestável.

As mãos dos escritores se agilizam nos teclados do computador. Dessas mãos brotam poemas, contos, crônicas, ensaios, romances épicos, bibliografias de vultos de renome universal. São as mãos poéticas que provocam os mais lindos momentos de sonhos e fantasias. E, desses livros, os cineastas buscam a inspiração para suas filmagens. E fabricam rolos de filmes até completar sua obra.

Há mãos de fadas, como as de minha avó. Mãos hábeis na confecção de colchas e toalhas de mesa, em croché e em tricô.

As mãos seguram o bisturi na cirurgia. E a água da torneira jorra sobre as mãos do médico, para evitar contaminação.

As mãos são o olhar dos cegos e a linguagem dos mudos.

A mão se posiciona para receber a aliança de casamento.

As mãos envolvem num abraço as amizades sinceras para sedimentá-las.

Há mãos que pegam na enxada, que lavram a terra para plantar e colher e que trabalham de sol a sol nas hortas e nos pomares.
E colhem flores para enfeitar o lar.

Outras mãos são demoníacas como as dos carrascos que ceifam vidas.

A mão serviu à Judas para que se enforcasse.

A mão do Imperador de Roma, com um simples gesto, sugeria vida ou morte para os cristãos que lutavam na arena.

Pôncio Pilatos lavou suas mãos como um gesto simbólico de quem não queria ser cúmplice da morte de Cristo.

A mão fechada e erguida é sinal de força e poder. É a mão da ditadura que mata e desaparece com os cadáveres.

As mãos que empurravam as vítimas do holocausto nos campos de concentração foram mãos repulsivas.

As mãos que gesticulam ao gritar as palavras de ordem, nas batalhas,onde jovens soldados perdem suas vidas, são abomináveis.

E as mãos de Jesus Cristo foram, injustamente, pregadas na cruz.

Há mãos de cera nos museus e mãos sem vida nos túmulos.

Há mãos de colarinho branco que roubam a Nação e ficam impunes. Essas mãos denigrem o país e enterram as esperanças de um povo sofrido, mas que ainda se debate e segue sua jornada.

Em contrapartida, há mãos que seguram o discurso de formatura e juram prestar serviços profissionais e humanitários em sua carreira.

São mãos de jovens esperançosos .E as mãos que prestam serviço voluntário, são mãos de fé que se unem para ajudar o semelhante.

O papa Francisco pediu, em sua última encíclica, que os homens se preocupassem com o eco-sistema e coibissem os movimentos predatórios do planeta.  E salientou a inviabilidade da vida na terra se não houver ,em tempo hábil, a contensão do aquecimento global e a continuidade dos esforços pela preservação do ar e das águas, cada vez mais poluídos. Falou do desmatamento e agressões que a terra vem sofrendo, inclusive de grupos estrangeiros de várias nacionalidades: invasores e oportunistas.

Nos resta apoiar esses grupos e colaborar de alguma forma para preservar o ambiente em que vivemos com nossas famílias.

E vamos esperar que, um dia, seja formada a ciranda do bem, onde as mãos unidas possam abraçar o mundo, para protegê-lo de outras mãos predadoras e inescrupulosas.

Porque num futuro próximo queremos estar em boas mãos.

Katia Chiappini

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